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Alergias alimentares no bebé

As alergias alimentares do bebé e intolerâncias podem desenvolver-se a qualquer altura. Uma alergia é a resposta do nosso sistema imunitário a uma substância que considera ser prejudicial. A gravidade da reação pode variar bastante de pessoa para pessoa, podendo aumentar ou diminuir ao longo do tempo. Uma intolerância alimentar pode causar reações menos adversas, mas ser mais difícil de diagnosticar. Aqui ficam algumas dicas para identificar sinais de alergias em bebés vs. sinais de intolerâncias em bebés, bem como outros aspetos a considerar.

9min ler Mar 3, 2021

Alergia alimentar vs. intolerâncias 

 Uma alergia é uma reação exagerada do sistema imunológico a uma substância normal e inofensiva, denominada de alergénio. O sistema imunológico identifica erradamente o alergénio como uma ameaça e desencadeia uma resposta imunitária desnecessária que provoca sintomas alérgicos. A gravidade da reação pode variar bastante de pessoa para pessoa, podendo aumentar ou diminuir ao longo do tempo.  

A alergia alimentar é uma das mais importantes pela fase precoce em que ocorre, embora a prevalência das manifestações – cutâneas, respiratórias e gastrointestinais – varie ao longo do desenvolvimento do bebé. Sabe-se que uma manifestação alérgica no bebé, por exemplo um eczema atópico provocado por uma alergia alimentar à proteína do leite de vaca, pode em 50% dos casos progredir para asma alérgica em idade pré-escolar. Uma intolerância alimentar pode causar reações menos adversas, mas ser mais difícil de diagnosticar.  

Aqui ficam algumas dicas para identificar sinais de alergias em bebés vs. sinais de intolerâncias em bebés, bem como outros aspetos a considerar: 

  • Tenha atenção aos alimentos mais alergénicos, por exemplo, leite de vaca, nozes, leguminosas (incluindo favas e outras leguminosas), ovos, glúten, soja, peixe e marisco. 

  • Lembre-se de que estes alimentos podem ser introduzidos por volta dos seis meses quando começar a introduzir alimentos sólidos na dieta do seu bebé. 

  • Experimente introduzir um alimento alergénico de cada vez e em pequenas quantidades, para conseguir identificar mais facilmente uma eventual reação alérgica. 

  • Depois de ter sido introduzido e aparentemente tolerado, experimente incluir esse alimento na dieta habitual do seu bebé, pois isso pode minimizar o risco de uma futura alergia. 

  • Não adie a introdução de amendoins e ovos de galinha até depois dos 6-12 meses, uma vez que as evidências mostram que tal pode aumentar o risco de desenvolver alergia ao ovo ou alergia ao amendoim. 

  • Os sinais de alergias alimentares em bebés podem ocorrer imediatamente após a ingestão de um alimento ou várias horas depois. 

  • Tenha em atenção os sinais de alergia comuns, por exemplo, lábios ou língua inchados, respiração asmática ou dificuldade em respirar, comichão na pele, garganta, língua ou olhos, irritação da pele/urticária, tosse, diarreia, vómitos e nariz tapado ou a pingar. A pele irritada e inflamada – eczema – é habitualmente o primeiro e mais comum dos sinais de uma reação alérgica. Provoca desconforto e dor ao bebé e uma grande preocupação para toda a família! Este eczema inicial pode, em alguns casos, progredir para algo mais sério, como a asma em idade pré-escolar. 

  • Uma reação alérgica grave, ou anafilaxia, é um assunto sério, por isso vale a pena saber o que fazer a seguir. 

  • Se suspeita de que o seu bebé está a ter uma reação alérgica, tente manter a calma e procurar assistência médica assim que se aperceber de que há alguma coisa errada. 

  • Se o seu bebé mostrar sinais de uma reação alérgica grave ou anafilaxia, contacte os serviços de emergência imediatamente. 

  • Se o seu bebé tiver uma alergia alimentar, certifique-se de que lê cuidadosamente os rótulos dos alimentos e evita quaisquer alimentos cujos ingredientes não sejam claros. 

  • Uma intolerância alimentar não é uma reação do sistema imunitário. Geralmente, significa que o alimento não consegue ser facilmente digerido. 

  • Lembre-se de que os sinais de intolerância em bebés podem aparecer mais lentamente, o que os torna mais difíceis de identificar. 

  • Esteja atento a sinais de intolerância, por exemplo, dores de barriga, diarreia e sensação de inchaço. 

  • A melhor coisa a fazer se estiver preocupada com o facto de o seu bebé poder ter uma alergia ou intolerância alimentar é falar com o seu médico. 

Quais são os fatores de risco? 

A história de alergias na sua família, principalmente a dos pais e dos irmãos, é um dos principais fatores de risco para o seu bebé vir a desenvolver alergias. Ainda assim, mesmo quando nenhum dos pais ou irmãos são alérgicos, o bebé tem 15% de risco em sofrer de alergias. Além da história familiar, existem fatores ambientais que podem agravar o risco de desenvolver alergias. A exposição precoce a alergénios alimentares (por exemplo, o leite de vaca) e ao fumo do tabaco aumentam o risco alérgico. De facto, a proteína do leite de vaca é um dos alergénios alimentares mais frequente na infância. 

E se não estiver a amamentar? 

Deve consultar um profissional de saúde de forma a escolher a melhor fórmula para o seu bebé.

 Quais as diferenças entre as fórmulas infantis regulares e as de tratamento da alergia? 

As fórmulas infantis regulares ou standard são elaboradas através de uma profunda adaptação do leite de vaca às necessidades do bebé:
Podem  manter proteínas com um formato semelhante ao original. São perfeitamente adequadas para a maioria dos bebés mas este potencial alergénico das proteínas não é ideal para bebés com maior risco familiar.
Ou podem ter a proteína  quebrada (parcialmente hidrolisada) em porções mais pequenas que, por apresentar um formato diferente, tem um potencial alergénico muito inferior. São mais facilmente toleradas pelos bebés pelo que ajudam a promover um melhor conforto intestinal.
As fórmulas extensamente hidrolisadas diferem das fórmulas anteriores por terem um maior grau de hidrólise, ou seja, todas as proteínas estão quebradas em porções ainda mais pequenas, tendo assim um potencial alergénico ainda mais baixo. Assim, uma fórmula extensamente hidrolisada é a escolha ideal para o tratamento de uma alergia já diagnosticada por um profissional de saúde.


 

Quando devo dar introduzir certos alimentos? 

As alergias alimentares em bebés são mais frequentes nas crianças do que nos adultos. Num relatório na América do Norte, aproximadamente 5% das crianças com menos de cinco anos de idade apresentavam uma alergia alimentar. Durante muitos anos, os profissionais de saúde recomendaram que alguns dos alimentos causadores de alergias mais comuns (incluindo soja, trigo, ovos, peixe, frutos secos, marisco, leite de vaca e amendoim), fossem excluídos da alimentação dos bebés até estes terem pelo menos um ano. Para certos alimentos, a recomendação era que se esperasse até aos dois ou três anos de idade. No entanto, esta prática de adiar a introdução de certos alimentos conhecidos por causarem alergias pode ter contribuído para um aumento no número de casos de alergia alimentar reportados. 
 

Novas maneiras de pensar

Nos últimos anos, as recomendações mudaram. Os investigadores descobriram que, quando o bebé está preparado em termos de desenvolvimento, não há necessidade de esperar para introduzir estes alimentos na dieta de um bebé saudável, assim que tenha começado a alimentação complementar. Os estudos revelam que atrasar a introdução dos bebés a alimentos que podem provocar alergias, para depois dos seis a 10 meses de idade, pode aumentar o risco de desenvolver alergias alimentares. Foi sugerido que introduzir estes alimentos mais cedo, comendo porções pequenas com regularidade, pode ajudar o sistema imunitário do seu bebé a tolerar melhor esses alimentos e ajudar a prevenir reações alérgicas. 

As novas diretrizes recomendam que se dê amendoim (moído, com textura apropriada para a idade) e alimentos com glúten a bebés saudáveis, na altura em que começam a fazer alimentação complementar. Não deve dar amendoins inteiros a bebés ou crianças com menos de quatro anos por causa do risco de engasgarem. O glúten está presente em alimentos feitos com trigo, centeio e cevada—por exemplo, pão, massa, cereais e bolachas de água e sal. 
 
Se o seu bebé tem eczema, antecedentes familiares de alergias, ou alguma alergia alimentar atual, fale sempre com o seu profissional de saúde antes de introduzir um alimento potencialmente causador de alergias. 

Esperar para ver 

Dê estes alimentos a provar ao seu bebé separadamente. Depois, espere dois dias antes de tentar outro. Desta forma, é capaz de ver quando um alimento em particular provoca uma reação. O leite de vaca não é recomendado para crianças com menos de um ano de idade, mas outros produtos lácteos, como o iogurte, podem ser dados depois do bebé ter seis meses. 

Acredita-se também que o leite materno pode proporcionar alguma proteção contra as alergias, por isso, continue a amamentar o seu bebé pelo tempo que conseguir, especialmente se tiver antecedentes de alergias na família. Caso não consiga amamentar, não se preocupe, fale com o seu profissional de saúde para uma recomendação de uma fórmula infantil adequada a crianças com antecedentes de alergia. 

O papel da proteína na prevenção alérgica do bebé 

O sistema imunitário identifica erradamente uma substância inofensiva como uma ameaça e dá início a uma reação violenta, que desencadeia os sintomas de alergia. O sistema imunitário uma vez sensibilizado a um alergénio memoriza esse alergénio, e no futuro reconhece-o. Se o sistema imunitário é sensibilizado, o contato novamente com o mesmo alergénio pode desencadear a uma reação alérgica. 

Há muito que se reconhece que as proteínas externas (como as proteínas do leite de vaca) conduzem a reações alérgicas. A proteína do leite de vaca contém uma maior quantidade de sequências alergénicas, comparativamente à proteína do leite materno. 

O leite materno caracteriza-se por um baixo potencial alergénico. Deste modo, um grande benefício do leite materno é o facto de ajudar a reduzir o risco de o bebé desenvolver alergias, dado que reduz a sensibilização e promove a tolerância. Saiba tudo sobre as proteínas e nutrientes certos. 

 Veja o vídeo e descubra o que são alergias alimentares, quais são os sintomas e o que pode fazer para prevenir.  Ver video aqui 

 

Respostas de Laura Czerkies a seis dúvidas fundamentais sobre alergias em bebés pequenos 

Laura Czerkies, MS, RD, Gestora de Ciência Clínica e Nutricionista da Nestlé Infant Nutrition 
 

1. O que faz um bebé ou criança desenvolver alergias? 
As causas das alergias não são completamente claras, mas é mais provável que uma criança desenvolva uma alergia se houver antecedentes familiares. Crianças com um pai ou mãe alérgicos têm um risco de desenvolver alergias de 20-40%. Se ambos tiverem uma alergia, esse risco aumenta para 40-60%. No entanto, o seu bebé pode vir a desenvolver uma alergia mesmo que não existam nenhuns antecedentes na família. 

 2. Sei que há antecedentes de alergias na família - o que é que devo fazer? 
Se está preocupada com os seus antecedentes familiares, fale deles com o seu profissional de saúde para perceber as possíveis alergias no bebé. 

3. Quais são os sintomas de alergia à proteína do leite de vaca? 
Os sinais podem variar, mas os mais frequentes incluem, vómitos e diarreia. 

4. Evitar leite ou alimentos que contenham leite de vaca ajudará a garantir que meu bebé não desenvolva alergia? 
Algumas mulheres que estão a amamentar acreditam, erradamente, que se evitarem certos alimentos estão a diminuir as probabilidades dos seus bebés terem uma reação alérgica. Mas, na verdade, não é recomendado que faça restrições na sua alimentação ou evite alérgenos enquanto amamenta. As recomendações atuais para mulheres durante o período de aleitação são que façam uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes dos cinco grupos alimentares. 

5. Como é que posso tentar evitar o desenvolvimento de uma alergia no meu bebé? 
Pode ajudar o seu bebé a eliminar os riscos para de desenvolver alergia à proteína do leite de vaca, dando de mamar. Amamentar em exclusivo é especialmente aconselhado quando há antecedentes familiares de alergia.  

6. Tenho alergias, por isso o meu bebé pode estar com um risco elevado - Que mais posso fazer? 
Fale com o seu profissional de saúde para saber se isso pode ser indicado para si e para o seu bebé.