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Suplementação com DHA

O DHA, um ácido gordo da cadeia ómega 3, tem vários benefícios no desenvolvimento das crianças. Conheça aqui este importante nutriente.

Mar 10, 2023

O cérebro tem um crescimento muito rápido durante o terceiro trimestre de gravidez e os dois primeiros anos de vida, atingindo, nesta altura, cerca de 80% do tamanho do cérebro adulto. Trata-se de um período crítico de vulnerabilidade, mas, também, de oportunidades para o desenvolvimento cerebral. Este desenvolvimento está dependente do ambiente que rodeia a criança e da oferta de determinados nutrientes como por exemplo o ácido docosahexaenóico (DHA).

O DHA é um ácido gordo, polinsaturado, de cadeia longa ómega 3, que existe em grande quantidade no cérebro e no olho, sendo fundamental para o desenvolvimento destes órgãos. A acumulação de DHA no cérebro acompanha o seu rápido crescimento nos primeiros anos de vida, tornando-se assim particularmente importante o seu aporte nesta faixa etária.

O DHA tem diversas funções nestes órgãos, intervindo em processos como a formação das células cerebrais, a determinação da fluidez das membranas das células, a transmissão de estímulos nervosos, o controle de processos inflamatórios e a expressão genética.

Durante a vida fetal, particularmente no terceiro trimestre, o DHA passa da mãe para o feto através da placenta. Após o nascimento, esta transferência ocorre através do leite materno. A quantidade de DHA transferida pela placenta ou presente no leite materno depende dos níveis de DHA da mãe, sendo, por isso, essencial que as grávidas e mães a amamentar tenham níveis ótimos de DHA, de forma a favorecer o desenvolvimento cerebral e visual dos seus filhos.

Os níveis de DHA da criança dependem do consumo através do leite materno ou, em crianças não amamentadas, do consumo direto de alimentos ricos neste nutriente. Os estudos demonstram que as crianças amamentadas têm, tanto a nível do sangue como do tecido cerebral, mais DHA que as crianças alimentadas com fórmulas não suplementadas. Este facto poderá explicar parcialmente as vantagens do leite materno a nível do desenvolvimento e cognição.

O DHA encontra-se em alimentos como os peixes gordos (salmão, cavala, sardinha, atum e arenque), óleo de peixe e determinadas algas marinhas. Também é possível haver produção de DHA pelo organismo a partir de outro ácido gordo ómega 3, o ácido linolénico, mas esta produção é pouco eficaz, sendo, ainda, variável de pessoa para pessoa. Assim, o DHA é considerado um nutriente condicionalmente essencial, o que significa que, em algumas situações, a produção no organismo não é suficiente, sendo necessário o seu consumo.

A dieta ocidental é pobre em DHA e seus precursores ómega 3, sendo rica em ácidos gordos ómega 6, que se encontram presentes na carne, ovos e óleos vegetais. Seria desejável haver uma relação no consumo de ómega 6 para ómega 3 de 2:1. Verifica-se, no entanto, que na dieta ocidental esta relação varia entre 10:1 e 25:1. Como estes dois grupos de ácidos gordos partilham de forma competitiva as enzimas que permitem a sua metabolização, o excesso de ómega 6 vai prejudicar ainda mais a formação de DHA pelo organismo.

Assim, sabe-se que as crianças europeias pequenas têm frequentemente um consumo de DHA abaixo das suas necessidades, sendo a suplementação uma das formas de combater esse défice. Outras formas serão uma dieta equilibrada, com consumo precoce e mantido de peixe, e o consumo de fórmulas ou de outros alimentos suplementados.